O meu é conquistar montes.
Serra do Mulungu, em São João do Sabugi/RN, com aproximadamente 500 metros:
Serra de São Bernardo, em Caicó/RN, com aproximadamente 630 metros:
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Sem Nada Para Fazer...
Estes últimos dias estive em João Pessoa, resolvendo problemas pessoais. Como fiquei sem ter o que fazer, fui logo arrumando uma diversão.
sexta-feira, 24 de julho de 2015
“Os Livros e as Viagens São os Únicos Tesouros que Ninguém Pode Roubar”
Crônica / Matheus Pichonelli
“Os livros e as viagens são os únicos tesouros que ninguém pode roubar”
Foi o que meu amigo aprendeu com a mãe muitos anos
antes de cruzar a África de bicicleta e escrever um belo livro sobre a
travessia.
Alexandre Costa, autor de "Mais que um leão por dia",
tenta atravessar uma tempestade de areia no deserto.
“Você
precisa conhecer o Colcci”. Deve ter sido a frase que mais repeti durante os
quatro anos de faculdade. Não era por acaso. Colcci era o apelido do meu amigo
Alexandre Costa Nascimento, cujos pais eram donos de uma loja da grife homônima
em nossa cidade, Araraquara.
Desde
muito cedo, talvez entre os 13 e os 14 anos, sabia que na cadeira ao lado, num
grupo que um professor de matemática apelidou de "Nata Podre" da sala
- nós, os bagunceiros que, ele jurava, jamais chegariam a lugar algum - estava
um amigo para toda a vida. Eu já era doido por futebol e ele, por Fórmula 1, e
usávamos nossas carteiras de fórmica para desenhar e montar previsões para a
escalação ou o grid de largada do fim de semana.
Anos
depois, começamos a estudar jornalismo, e sempre citava suas ideias,
compartilhadas por e-mail ou nas crônicas e artigos impressos trazidos na
bagagem, aos novos colegas de classe. “Você precisa conhecer o cara”. Era uma
forma de me conformar com algo que, no fundo, jamais me conformei: desde 1999,
quando estávamos no meio do colegial, ele morava em Curitiba. Nosso contato,
desde então, eram as visitas a nossa cidade-natal e a São Paulo, para onde me
mudei em 2002. Nas boas e não raras viagens até a capital paulista, ele muitas
vezes ficava em casa, e praticamente se tornou um integrante da turma
paulistana.
Também na
mesma época, começamos a trabalhar em jornal diário, e perdi as contas de
quantas vezes abri a Gazeta do Povo numa banca de jornal para conferir
as manchetes. Sabia quando a reportagem principal tinha a assinatura dele –
como quando ele calculou a distância entre “países” de IDH distintos separados
em poucos quilômetros pela região metropolitana de Curitiba.
Quando
nos reencontrávamos, retomávamos nossas ideias como quem havia se falado todos
os dias desde sempre. Era como tirar o pause de uma longa fita K7 (somos desse
tempo).
Na
escola, na faculdade e na vida adulta, o Colcci era, e ainda é, o amigo das
ideias fixas. Uma vez encucou que a capital paranaense era ligada por túneis
subterrâneos construídos pela comunidade alemã que, acuada por Getúlio Vargas,
temia ser bombardeada durante a Segunda Guerra. Ele pesquisou e cavou fundo,
literalmente, para levantar a história. Antes mesmo da faculdade ele já havia
encucado de estudar a história da maçonaria e do Subcomandante Marcos, de quem
eu jamais tinha ouvido falar até então. Foi o Colcci quem me apresentou também
a autores como Marcelo Rubens Paiva e Gabriel Garcia Marquez.
Uma dia
ele comprou uma bicicleta e começou a pedalar. No dia seguinte, pedalou um
pouco mais. No outro, ainda mais. A cada nova quilometragem ele percebia que
pedalar nunca seria só diversão ou deslocamento. Era também ação política. Luta
por espaço. Por um direito. Certa vez por pouco não foi atropelado; o motorista
do automóvel o derrubou e provocou estragos na bicicleta. Ao chegar em casa,
ele lançou as palavras “atropelei” + “ciclista” no Twitter e bingo: o agressor
correra às redes para se gabar do feito. Flagrado e “printado”, o autor da
barbeiragem teve de pagar os reparos e pedir desculpas, com medo de sofrer um
processo.
Com o
Colcci é assim: quando encuca, vai até o fim. Em 2012, já conhecido como
jornalista e militante do blog Ir e Vir de Bike, ele botou na
cabeça que atravessaria a África pedalando com outros 50 ciclistas de várias
nacionalidades no chamado Tour d’Afrique do ano seguinte. Até então, nenhum brasileiro
havia tentado a travessia (saiba mais AQUI)
.
Como
sempre, ouvi e apoiei – como se ele tivesse me falado que iria buscar pão e já
voltava. Não sei se por descaso de quem já começa a olhar a vida atrás dos
próprios muros ou se por saber, de antemão, que se ele havia botado a ideia na
cabeça ele iria até o fim – e, pelo menos para nós, que já o conhecíamos, não
havia nada de novo naquela busca dele por novidades – passei os meses seguintes
sem jamais me dar conta do que era atravessar um continente inteiro de
bicicleta.
Talvez
inconscientemente imaginasse que andar de norte a sul da África fosse
simplesmente deslizar de cima pra baixo, pela força gravitacional, como numa
ladeira – sem jamais imaginar o esforço humano e a profusão de encontros que
essa “descida” embutia.
Um dia
recebo em mãos o livro “Mais que um leão por dia – A saga do primeiro
brasileiro a pedalar 12 mil quilômetros pela África”. O autor: Alexandre Costa
Nascimento. O Colcci. “Obrigado por fazer parte dessa história”, ele me
escreveu, como se estendesse as mãos para que eu pulasse na garupa.
De saída,
eu, que testemunhei de perto a sua maior dor, me fixo na dedicatória que
serviria como linha-mestra de toda a narrativa: “À minha mãe, Sônia Beatriz,
que me deixou como herança o ensinamento de que as viagens que realizamos e os
livros que lemos são os únicos tesouros que não perdem valor com o tempo e que
ninguém, jamais, poderá nos roubar”.
Quando
abri o livro, não imaginava que começaria, eu também, a pedalar por um
continente desconhecido. O que vi, ali, não foram as impressões ou um diário de
bordo de alguém já conhecido e que, por ser tão próximo, já não poderia me
surpreender. O que encontrei foi um trabalho de descrição e pesquisa - social,
política, econômica e geográfica - dignas das grandes reportagens - o que na
faculdade chamávamos de jornalismo literário. O Colcci já era repórter desde
que desenhava ao meu lado na carteira e, ainda que tivesse lido, até então,
muito da sua produção, eu ainda não sabia o quanto ele era capaz de transformar
vivência em paixão, e paixão em histórias.
Não eram
quaisquer histórias, mas a história que começa nas pirâmides do Egito, nos
hábitos culturais e religiosos do Cairo, passa pela Praça Tahir, pelo Saara e
segue rumo. “Na rotina, nada é sempre igual”, escreve.
Conheci
de perto, assim, a paranoia militar de uma ditadura de orientação islâmica do
Sudão, onde a mutilação genital é recorrente e a hospitalidade, por incrível
que pareça, é marcante. Lá, acompanhei o esforço dele para omitir a profissão
de jornalista para não correr riscos ao tirar fotos ou se aventurar num garimpo
do país.
Atravessei
uma ponte de 50 metros sobre um riacho e descobri que é possível encontrar, do
outro lado da fronteira, na Etiópia, um mundo de nacionalidade, língua,
governos, religiões e costumes completamente diferentes. Conheci Bahir Dar,
cidade considerada a Amsterdã da África; passei às pressas pelo Quênia em um momento
de tensão pré-eleitoral e risco iminente de conflito; degustei o melhor café do
mundo – em um dos capítulos, ele consegue explicar o rombo da balança comercial
e parte da situação de miséria do país a partir da história do café e da
chegada dos solúveis amargos e importados aos lares quenianos.
Passei
pelo Malauí, país de impressionantes 406 bicicletas pra cada mil habitantes, e
conhecei o drama dos albinos, marginalizados e caçados, literalmente, por quem
acredita que as partes mutiladas de seus corpos são sinais de sorte.
Conheci
os estragos da corrupção na economia da Zâmbia e atravessei a menor fronteira
do mundo até a Naníbia, a caçula das nações africanas. Visitei por ali
cachoeiras, cataratas, vales até finalmente chegar à Cidade do Cabo, na África
do Sul, e reconhecer as cicatrizes do apertheid, regime do qual ouvíamos
falar na aula de geografia da professora Cláudia. Ao todo foram 11 países, 530
horas sobre a bike, 11.667 quilômetros, 121 dias de expedição e uma série de
perrengues no caminho: indisposição gástrica com as iguarias mais exóticas,
sede, cansaço, lama, vento, banheiro a céu aberto, tempestade de areia,
mosquitos, câmaras e pneus furados, tombos, perdas de equipamento, perda de
peso (10 kg, ao todo), desidratação, diarreia, inflamação no tendão, herpes,
resfriado, gripe, mordida de filhote de pastor, infecção na pele, corte no pé,
picadas, pedradas, pauladas, bosta de burro disparadas por crianças
nas ruas, e claro, animais de todas as espécies cruzando a estrada. Não fazia
ideia do que era pedalar mais de 150 quilômetros num mesmo dia e o quanto cabia
de dor, esforço, solidariedade e superação de uma ponta a outra. Agora sei.
E só
soube de tudo porque, diferentemente dos ciclistas competidores, premiados ao
fim de cada etapa, o autor foi até a África justamente para perder tempo à
beira da estrada, apreciar os passeios, babar na paisagem, anotar e jogar
conversa fora com os grandes novos amigos – uma rede de camaradagem formada por
ciclistas italianos, holandeses e até um americano fã do Tea Party, cada um com
uma forma distinta de ver e encarar a maratona e o mundo (muitos deles são
perfilados ao fim de cada capítulo), assim como os personagens encontrados no
caminho, como um ciclista amador que pedalava com uma perna só e os garotos que
faziam fila para jogarem bola ao verem sua camisa do Brasil. De alguma forma,
fiquei amigo deles também.
Ao fim da
leitura, percebi que não tinha ideia do que eram os países da África até então.
Mais que isso, descobri o quanto eu ainda precisava conhecer e ainda não
conhecia o meu amigo. Ao menos com o livro posso agora dizer aos leitores, e
não apenas aos amigos de faculdade: vocês precisam conhecer o Colcci. Todos
precisamos. Pois ele tem razão quando diz que as viagens e os livros são os
únicos tesouros que ninguém nos tira. Os amigos das páginas e das estradas
também.
PS: Até
as últimas páginas, não sabia se o meu amigo conseguiria ou não o tão sonhado
EFI (Every Fabulous Inchi), o certificado concedido pela organização do Tour
D’Afrique de que o ciclista percorreu todos os polegares do fabuloso solo
africano sem ajuda dos veículos de apoio – muitos, devido a cansaço, doenças e
outros incidentes, tiveram de pedir carona e perderam a premiação. A resposta é
contada ao fim do livro. Não há spoiler para os amigos.
quarta-feira, 22 de julho de 2015
Julia e Felipe rapel Praia do Sol - PB
Fazer rapel com essas figuras foi bom demais.
Além de simpáticos, corajosos.
Valeu galera.
Além de simpáticos, corajosos.
Valeu galera.
sábado, 18 de julho de 2015
Curtindo a Vida Adoidado
Aventure-se.
Não para fugir da vida,
mas para a vida não fugir de você.
Praia do Sol - PB
Meu vôo de parapente
Julia e Felipe no rapel da
Praia do Sol
Julia me acompanhando
no rapel
Eu e o instrutor, Anilson,
da Grave Rapel
Júlia e Felipe descendo
de frente
de frente
Eu, Julia e Felipe
comemorando mais uma decida
Valeu pessoal do Extreme Esportes (https://www.facebook.com/ExtremeEsportes?fref=ts e http://extremesportes.com.br/index.html) e do Grave Rapel (https://www.facebook.com/GraveRapel?fref=ts).
Derrota com Sabor de Vitória
Hoje peguei minha bike e disse que só voltaria depois de pedalar 100km ininterruptos.
Fui derrotado. Só consegui pedalar 70km, pois, além do cansaço, o fulera do deus Éolo foi cruel e impiedoso comigo. Como se diz no popular: peguei vento "indo e vindo".
Mas será que pedalar 70km no asfalto, numa bike de MTB, sozinho e lutando contra os impestuosos ventos pode ser considerado uma derrota? Acho que não!
Aqui estão algumas imagens deste pedal alucinante que tive o privilégio de fazer hoje.
Viva a vida!
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